sábado, março 27

Entende agora?


Vou dizer, flor
Que o amor me vem assim:
Olho-te, beijo-te. Beija-me, olha-me.
Deixa-me.
O amor vai assim.

Vou dizer, flor
Que o amor vai assim:
Brilha, brilha, brilha.
Cheiro-te.
E toda tu sentes medo de mim.

É por isso que vais, flor?
Te digo então:
Vou-me embora antes.
Deixo tudo, finjo que não te deixo.
Finjo que sou mundano.

Imundo
finjo que tô no mundo
Sem flor, só finjo.

segunda-feira, março 22

“Tomei um banho rápido e vim pra cá”

Um abraço tosco é tosco, mas é um abraço.
Isso de colar dois tórax,
Isso de enlaçar os braços,
Isso de cheirar a nuca,
Isso de passar as mãos pelos cabelos,
Isso de forjar um suspiro que aspira chamego (forjar)
Pra mim tem outro nome.
Pra mim é outra coisa
Pra mim, isso tem nome de uma coisa que não conheci.
Sou mais o abraço tosco
Sabe o corpo dentro do mesmo vestido?
Sabe a fechadura na íris do olho esquerdo?
Manhã sem sol,
Grama úmida,
Agonia,
Susto,
Mão sem chave já,
Ainda assim, amor
Sou mais essas coisas que terminam num abraço tosco
Do que essa coisa de parecer ter menos da idade que se tem
Do que essa coisa de ir pra rua cheirando a sabonete
Querer tudo
Muito pouco de tudo um pouco
Pegar nada
Nem abraço tosco pega
Besta é quem nunca deu um abraço tosco nessa vida

Foi melhor para a muriçoca

Tem uma mão doida
Que aí tem e aqui não vem
Passou por perto
Agora é mão doída
Depois de um tapa forte
Na cara da falta de vergonha
Muito tímida
Tapa forte
Mão doída
E a muriçoca foi mais rápida
Nem morreu
Aí timidez...
Ai, cheia de vergonha
Bem viveu

sábado, março 20

(83) 8852 6437




Pão na padaria
Padaria perto de casa
Mas na casa no vai
Não pode. Diria
Não engoliu o grilo
Pendurada ficou a asa
Do grilo.
Qualquer hora sai
Engole e vem
Tem pão fresco todo dia na padaria
Tem pimenta também.
Na padaria não
Ardendo no peito, morderia?
Não. Não diria
Mas não comeria
Ta perdendo o pão
Ta derretendo e ficando são
Olha o sol, me mata
Morri longe, mas ainda ouvi a voz dormente
Morri de tanto querer mais
Mata quando falta a voz desdormente
A voz volta e não tem mais.
Dor na cabeça
Farmácia perto da cama
Mas na cama não deita
“Vou pra casa, beleza?”
Espero pouco de quem não ama
Do lado de cá a costura ta feita.
Sai do sonho e pula aqui
Falta sangue veloz
Aí tem
Falta mão doida
Aí tem
Falta coração com mãos pra pegar
Aí tem
Pula que depois só o que vai restar é dormir
Junto.
Vai, quer mesmo
Come pão
Morde pimenta
Arde e passa. É bom
Bebo leite, suga sangue
Sanguessuga
Estanca sangue e suga.
Olha o tempo, é amor de pouco
O sol no meio do céu
A lua no meio do céu
O mês no meio do fim
Tudo mata
Olha o vento, é amor de louco
Conhaque, cerveja, olho, beijo, sono
Não rima mais
Quero mais ais
Quero voz, dente, ferro, carne, morder
Deixa e faz
Faz e quer
Ama mais.
É que ressaca de cerveja dá dor de barriga
Com Sócrates, Beauvoir e Freud não fode
Me liga.

domingo, março 14

São esses os versos que não devem ser recitados


Bonita, tu num é de ninguém
Se eu não fosse tu, te pegaria
Te colocaria no colo, te amaria
Te colocaria na janela, te comeria
Bonita, tu é gostosa
Beleza só não basta, tem que ser gostosa
Tem que chorar quendo pedir amor
Tem que sorrir quando perder amor
Bonita, tu me mata
E eu vivo para te ser
É o dengo na fala;
É o "não-sei-o-quê-lá" nos olhos;
É a insegurança quando para;
É a firmeza quando anda;
A fragilidade quando se fecha;
A quentura quando se abre;
No calor ou no frio, tu sabe ser bonita.

segunda-feira, março 1

Dando as caras de cara?

Algum tempo sem passar por aqui, deu até saudade de dizer pro mundo virtual das coisas que rondam minha cabeça.
Por todo esse tempo já tive muito bem, bem, muito bem, bem mesmo e confusa.
Agora tô confusa, o que não é nenhum problema pra mim.
VoU escrever mais, quero que me leiam.