sábado, março 20

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Pão na padaria
Padaria perto de casa
Mas na casa no vai
Não pode. Diria
Não engoliu o grilo
Pendurada ficou a asa
Do grilo.
Qualquer hora sai
Engole e vem
Tem pão fresco todo dia na padaria
Tem pimenta também.
Na padaria não
Ardendo no peito, morderia?
Não. Não diria
Mas não comeria
Ta perdendo o pão
Ta derretendo e ficando são
Olha o sol, me mata
Morri longe, mas ainda ouvi a voz dormente
Morri de tanto querer mais
Mata quando falta a voz desdormente
A voz volta e não tem mais.
Dor na cabeça
Farmácia perto da cama
Mas na cama não deita
“Vou pra casa, beleza?”
Espero pouco de quem não ama
Do lado de cá a costura ta feita.
Sai do sonho e pula aqui
Falta sangue veloz
Aí tem
Falta mão doida
Aí tem
Falta coração com mãos pra pegar
Aí tem
Pula que depois só o que vai restar é dormir
Junto.
Vai, quer mesmo
Come pão
Morde pimenta
Arde e passa. É bom
Bebo leite, suga sangue
Sanguessuga
Estanca sangue e suga.
Olha o tempo, é amor de pouco
O sol no meio do céu
A lua no meio do céu
O mês no meio do fim
Tudo mata
Olha o vento, é amor de louco
Conhaque, cerveja, olho, beijo, sono
Não rima mais
Quero mais ais
Quero voz, dente, ferro, carne, morder
Deixa e faz
Faz e quer
Ama mais.
É que ressaca de cerveja dá dor de barriga
Com Sócrates, Beauvoir e Freud não fode
Me liga.

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