sexta-feira, março 13

Estou alheio


" A angústia é essa situação afetiva fundamental que nos coloca diante do nada."
(Heidegger)

Estou escrevendo, e mais uma vez, refiro a mim mesmo usando o gênero masculino, não sei porque, mas faço isso sempre.
Estou alheio. Alheio a mim mesmo e distante de vocês, me culpando por estar deixando pra traz as coisas, e as coisas que as pessoas trazem, se é que vocês me entendem. Cadê eu pra acompanhá-los na subida de degraus, para levanta-los? Cadê eu para simplesmente estar aí?
Não falo só daí, falo também daqui. Cadê eu para mim mesmo?
Achava que era alienação, mas nem isso é, o que eu entendo de alienação é diferente do que passo. Alienação é um processo pelo qual as pessoas passam a ter seus atos influenciados ou dirigidos por outras, ou por um sistema, mas não, meus atos não estão sendo dirigidos por outrem, meus atos simplesmente não existem.
Peço perdão, perdão, mesmo sabendo que eu não tenho culpa, mas já tem mais de 8 meses que eu perdi o meu cérebro numa festa, até hoje não o encontrei, sou esquecido, não tenho noção de onde ele foi parar, quem o encontrar, favor devolver, as pessoas precisam dos seus cérebros, até mesmo eu, uma pessoa sem alma.
Sem alma?! Sim, não a possuo mais, esse caso é mais antigo do que o do cérebro. E antes que vocês digam alguma coisa, explico-me logo, não perdi minh'alma, na verdade mamãe a comeu. Comeu assim, como quem não quer nada, sem dar explicações. Eu sei porque ela fez isso: medo.

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