quinta-feira, maio 7

Inteiramente Humanos


Que a hora do gozo seja tão infinita como a demora que faz infinita
Até a hora em que tu chegas e me despes com teu olhar
E deixas o rastro da tua perfeição. Maldita perfeição!
Para que eu te siga e te encontre no mesmo lugar, naquele teu lugar todo impessoal e assombroso.


Onde tua boca cala o meu silêncio e teus suspiros deixam claro que não precisamos de palavras
Onde tua fome e meu desejo nos confessam que não precisamos de paixão

Nem paixão, nem palavras, nem entendimento
Só precisamos de nós
.

E toda vez que eu vou embora e não deixo nada pra ti, é tão sublime

Por saber que nada te devo, nem quero.

E toda vez que eu vou embora e tu não me deixas levar nada de ti, é tão magnífico
Por saber que não és meu, nem quero.

Somos igualmente carnais, igualmente famintos

Tu alivias a minha espera pelo meu amor

Eu alivio a tua culpa pelo que fizeste com teu amor

Até sentirmos o alívio efetivar-se em nós, continuamos nos devorando
Insinuando candura aos outros, enquanto somos para nós, os mais humanos possíveis.



2 comentários:

Espinho de Quiabento disse...

Que lua, tão lua, sem licensa varando o negro do céu, do seu, tão seu, infintio poético. Lindo demais, gosto de tuas letras.

Thereza Cristina Santos disse...

"Nem paixão, nem palavras, nem entendimento
Só precisamos de nós"

PROFUNDO isso...Que bom se pudéssemos encontrar um equilíbrio nas relações em que as pessoas por si só se bastassem...

Muito bacana seu blog moça...
=**