O Achado III

Foi uma conversa que tivemos, antes de a gente se encontrar e começarmos a ficar. É, as conversas eram por MSN, só dava a gente nas madrugadas.

Aí um dia eu falei que iria à João Pessoa, chegaria na quinta, mas ele nem acreditou. E quinta-feira eu cheguei lá e mandei uma mensagem: “porta, a chave está em João Pessoa”. E ele foi me procurar, num bairro longe, que nem ele, tão pouco eu, conhecíamos, mas olha só! Ele me achou.

E me levou a praia, sim, nosso primeiro beijo foi na praia. Sim, sim... Foi bem lindo. Sei que você não sabe o que me dizer agora, mas deve ta sentindo alguma coisa aí.

A gente conversou sobre muita coisa, até sobre menstruação. E eu ali, muito tímida, sem saber o que viria depois.

Jah, como eu amei aquele homem, desde quando, por MSN, ele pediu que eu sugasse o sangue dele, e sentia pena de mim porque eu era apaixonada por um cara boçal, lindo e que queria só me comer...

Como a gente sempre se deu bem, como era tudo tão real... Como pode a felicidade acabar?

Como eu o amei... E como éramos livres até desse amor, que eu nem tive coragem de admitir, porque não tinha necessidade. Não doía guardar esse amor.

Como amá-lo era suave e real.

Mas, se até o que é sólido desmancha no ar, o que direi eu, de um amor que de tão suave, se desmanchou... Bem longe do alcance das minhas mãos.

(2010, Maio)